top of page
Foto do escritorDaniela Fiuza

Você sabe o que se faz em um Laboratório de Microscopia?

Atualizado: 12 de nov. de 2022

Entrevista com a equipe do Laboratório Multiusuário de Microscopia de Alta Resolução da Universidade Federal de Goiás (LabMic/UFG) , apoiador fundamental na execução da produção do curta-metragem em animação "O Micronauta".


LabMic no Instituto de Física da Universidade Federal de Goiás

Próximo dos nossos olhos mas longe de nossa visão, coisas incríveis acontecem, mesmo algo familiar como uma folha de uma árvore, parece cenário de ficção científica. Até mesmo uma pequena formiga vista muito de perto pode parecer um monstrengo gigantesco! É estranho como algo tão próximo de nós pode parecer incrivelmente extraterrestre.


Todos os cenários por onde Micronauta e sua tripulação passam no curta-metragem animado "O Micronauta", são capturados por meio da nano microscopia, ou seja, a interação dos personagens se dá sobre imagens reais, na escala real, sempre respeitando atentamente a escala, afinal de contas Micronauta tem 30 mícrons de altura, nenhum mícron a menos (um mícron corresponde a centésima parte do milímetro, também chamado de micrômetro).


Através da parceria com o LabMic (Laboratório Multiusuário de Microscopia de Alta Resolução) da Universidade Federal de Goiás, preparamos as amostras e geramos as imagens necessárias para os cenários da animação, utilizando um Microscópio de varredura eletrônica (MEV) da marca Jeol, JSM-6610 e o sistema de deposição de filme de ouro, Denton Vacuum, Desk V, equipado com o acessório de carbono, e claro, tudo isso por meio de profissionais especializados na manipulação desses sofisticados equipamentos.


Confira agora um pouco mais desse instigante universo de escalas microscópicas na entrevista com a equipe do LabMic/UFG:



O que é o LabMic? Ele existe há quanto tempo?


O Laboratório Multiusuário de Microscopia de Alta Resolução da Universidade Federal de Goiás (LabMic/UFG) iniciou suas atividades regulares em 2011. O LabMic é a concretização dos esforços, ao longo de vários anos, de professores de diferentes unidades acadêmicas da UFG e tem por objetivo oferecer suporte em microscopia de alta resolução às áreas de pesquisa científica e tecnológica que dela necessitem. Ao longo de seu funcionamento, atendemos pesquisadores de diversas áreas do conhecimento da UFG e de outras instituições do país e do exterior e algumas empresas do setor privado.


O LabMic foi financiado com recursos do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), por meio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), por meio do INCT de Nanobiotecnologia, da Universidade Federal de Goiás e da Fundação de Apoio à Pesquisa (FUNAPE). O laboratório conta com os seguintes microscópios de alta resolução:

- 1 (um) Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV), marca JEOL, modelo JSM-6610;

- 1 (um) Microscópio Eletrônico de Transmissão (TEM), marca JEOL, modelo JEM-2100;

- 1 (um) Microscópio de Força Atômica (AFM/STM), Agilent Techonogies 5500;

- 1 (um) Microscópio Raman de alta resolução LabRAM HR UV-VIS-NIR (220 nm - 2200 nm), marca Horiba.

O profissional que queira trabalhar aí no laboratório tem que ser formado em qual área? E pode exercer quais funções?

Doutoras da Microscopia, da esquerda para a direita: Nathany Ribeiro, Gisane Gasparatto e Tatiane dos Santos.

A microscopia se tornou um campo amplo de atuação e de múltiplos saberes. Atualmente é uma ferramenta multidisciplinar indispensável em diversas áreas do conhecimento, não somente dentro da pesquisa, mas também na indústria. Por ser uma técnica multidisciplinar, não há uma formação específica exigente e, por isso, tem atraído interessados de diferentes formações, como físicos, químicos, biólogos, engenheiros, entre outros.


No LabMic, contamos com a colaboração de três profissionais de diferentes formações: uma doutora em física, uma doutora em química e uma doutoranda em ciências biológicas.


Dentro da microscopia, o profissional pode atuar das seguintes formas, por exemplo:

- na realização das análises, como técnico operador do equipamento;

- no preparo de amostras, uma vez que, algumas amostras como amostras biológicas, requerem uma atenção especial e, por isso, utilizamos protocolos de preparação que pode mudar de amostra para amostra;

- ajudar na interpretação dos resultados;

- utilizar softwares de medidas ou de processamento de imagens para evidenciar uma informação ou para realizar alguma estatística;

- realização de consultoria para acompanhar, analisar e propor soluções sobre o objeto de estudo;

- profissional em aplicações, tanto no setor público como privado;

- ou, até mesmo, atuar em situações específicas, como um técnico em manutenção de equipamentos.


O que é o microscópio de varredura eletrônica e como ele funciona? Dá pra ver um objeto ampliado em quantas vezes?


O microscópio eletrônico de varredura (MEV) é uma técnica amplamente utilizada em diversas áreas, sua varredura é superficial e, por isso, fornece informações sobre topografia, morfologia, identificação elementar, cristalografia, entre outras. A morfologia indica a forma e tamanho, enquanto a topografia indica as características da superfície de um objeto (textura, se é uma superfície lisa ou rugosa). A depender das especificações técnicas do microscópio, ele é capaz de obter os detalhes da superfície de uma amostra com alta qualidade e resolução espacial de 1 nm, chegando a ampliações de até 500 mil vezes. Por essas características, o MEV se tornou uma ferramenta poderosa para estudar e caracterizar vários tipos de amostras (biológicas ou materiais).


No MEV, a imagem é formada por um feixe de elétrons focado, que varre uma área da superfície da amostra. Os elétrons do feixe eletrônico, ao incidir na amostra, irão interagir com os átomos da amostra e, como consequência, ocorrerão vários tipos de espalhamentos simultaneamente. Cada espalhamento irá fornecer alguma informação da amostra. Além da imagem, também é possível obter informações sobre a identificação dos átomos presentes na amostra. Para isso, utiliza-se um detector acoplado ao MEV que irá coletar um tipo de espalhamento, conhecido como raios-X característicos, que são emitidos de uma microrregião da amostra quando um feixe eletrônico incide sobre ela. Há duas formas de detecção dos raios-X característicos: Espectroscopia por energia dispersiva (Energy dispersive spectroscopy - EDS) e Espectroscopia por dispersão de comprimento de onda (Wavelength dispersive spectroscopy – WDS).


Portanto, os microscópios de alta resolução e as técnicas associadas aumentam a extensão de aplicabilidade desses equipamentos, desde a pesquisa em materiais até as ciências biológicas. Por exemplo, podem ser utilizados em estudos de polímeros e catalisadores, em nanotecnologia e nanobiotecnologia, estudos na indústria farmacêutica em sistemas de transporte de fármacos, por exemplo. Ainda, há a possibilidade de analisar amostras com baixa temperatura em sistemas biológicos hidratados, com alta resolução espacial, obtendo informações morfológicas e de ultraestrutura.


Para saber mais: https://www.labmic.ufg.br/


Ficou curioso(a) em assistir Micronauta e sua turma nessas aventuras em micro escalas? Em breve tem estreia do curta-metragem no nosso canal o YouTube, já se inscreve por lá! Enquanto isso nos acompanhe nos nossos canais nas redes sociais: @o_micronauta.


Deixe um comentário para compartilhar sua curiosidade também, nós vamos adorar saber.

43 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comments


BLOG

zoom_04.jpg

BLOG

bottom of page